.
é na espuma que te pressinto, vulto que quando longe é tangente a esta curva da anca marcada pela tua mão. reconstruo o teu corpo nos pedaços que me permites talhar. guardo-os no baú dos gemidos confessados - não há segredos entre nós: o suor das peles. e é na ponta dos dedos que reconheço o meu sexo em ti - impressões só minhas: vontade ininterrupta de te possuir.
vem.
perder-me.
........................................................a língua está sedosa: sabes?
.
.
.
....................................................................................................................sabes?
.
.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
27 comentários:
Aproveita bem a lucidez que te resta... porque eu vou trazer-te à insanidade. - avisou ela, do fundo do longo piano de cauda, enquanto apoiava os cotovelos no negro lacado e segurava a cabeça com as duas mãos sem nunca desviar o olhar.
prefiro-te insana a ti, respondeu ele com a tranquilidade de quem lucidamente não recusa o desafio de um olhar insolente.
Ela sempre se sentira estremecer quando ele lhe falava do outro lado do piano sem sequer deixar de acariciar as teclas que generosamente soltavam um arrastado Stan Getz. Seria assim que ele tocaria num corpo inquieto?
Sabia que por mais que tentasse disfarçar, sempre que tentasse esconder-se por provocadoras propostas, ele conseguiria ir mais além, provocar mais fundo, tocar na tecla mais escondida.
ele não tinha tanta certeza disso.
nem dela.
Ela conhecia-lhe as incertezas.
e gostava.
incertezas só as da pauta a que ele insistia em não recorrer.
tocava de olhos fechados, sempre.
confiava nas mãos.
as dele.
Não deixava de tentar adivinhar...
Como seria se substituísse o piano?
Conseguiria ele manter os olhos fechados e percorrer-lhe o corpo com o mesmo resultado? Uma melodia aconchegante?
Confiaria ele nas pautas inventadas nas curvas do corpo
dela?
ele gostava que ela fizesse de pitonisa. se pusesse a adivinhar. mesmo que, como elas quantas vezes, os enganos fossem crassos - ou fatais.
ele confiava na sabedoria dos seus dedos, repetia-se a si mesmo.
fosse qual fosse o percurso, curvas, colinas, mastros. eterno marinheiro de mapas-mundi traçados em linha costeira.
e não só.
(seria ela aquática?)
Os olhos dela começavam a ceder ao fumo dos cigarros que ele insistia em queimar no canto da boca, humedecidos por aquele infindável copo de bourbon com gelo, que beijava entre notas.
A madrugada deixava mazelas, o desejo contido também. A tranquilidade da longa noite dava lugar à ansiedade de um pequeno almoço tardio aconchegado por um qualquer lençol de um qualquer quarto onde ele, finalmente, a olhasse, onde ele finalmente, a tomasse como vinha a tomar cada tecla daquele piano sofredor.
Porque esperaria ele?
toda a música se constrói no silêncio e entre as pausas.
assim: ele esperava pelo amanhecer.
- Já amanheceu. o que fazemos agora? - perguntou ela, temendo a resposta.
ele semicerrou os olhos.
encaminhou-se para a porta envidraçada do salão.
abriu-a.
e foi até ao mar.
descobrir novos silêncios, reencontrar outras pausas, construir a música da noite seguinte.
não olhou para trás.
fim...?
mas que novela rs
ps: refiro_me aos comentários claro. achei imensa piada.
vou aguardar as cenas pos próximos episódios
Ela ficou.
Adivinhara o que acabaria por acontecer.
Ele sempre fugira. Sempre preferira sair.
Ela há muito que sabia de cor o contorno das costas que ele lhe mostrara demasiadas vezes.
Mas ela ficaria por ali. Como sempre.
Há muito que ouvira dizer que quando alguém se perde, o melhor é ficarmos no mesmo sítio, até que aconteça o regresso.
Amanhã seria outra...noite.
ele pensara que ela o seguiria.
o mar estava calmo.
à noite talvez não.
(ivone, :-)
Ela segui-lo-ia para onde fosse, mas nunca conseguia perceber os sinais que ele deixava espalhados pelo caminho que escolhia fazer.
O desejo, a paixão tolhiam-lhe a perspicácia o o sexto sentido há muito que o perdera de tanto o ter usado para tentar decifrar o código de acesso ao corpo dele.
O bar fechara.
Ela voltaria.
e ele lá estaria. como sempre.
Deixava-se cair na cama, exausta. Nos dias de calor, as águas furtadas onde se abrigava, eram demasiado sufocantes, tão sufocantes como aquele desejo eternamente adiado mas que a fazia regressar noite após noite em busca do episódio seguinte.
Olhava a clarabóia por onde o sol entrava sem convite para lhe magoar os olhos.
Naquele momento, não deixou de esboçar um sorriso cansado, ao pensar que se o sol não precisara de convite, ele também não precisaria. Porque não viria, então?
Seria também o sol enviado por ele, para lhe magoar o pouco que ainda não estava em ferida?
ele ensimesmou: teria o desejo não cumprido que equivaler a feridas marcadas na alma ou no corpo? não poderia ser antes a chama inscrutada nesse sol que, escondido durante a noite, ilumina porém a lua que segue o fluir das notas-caminhos onde ela o tinha encontrado?
fechou os olhos. adormeceu.
não se lembra se com ela, mas sonhou nessa noite.
Parecia que dormira durante meses.
A boca seca, sabia a papel de jornal. A cabeça pesada, traduzia desencando. A lentidão dos movimentos, repetia-se como os passos das últimas horas mostradas no "Cavalos também se abatem".
O sol já caíra. A lua acordara ao mesmo tempo que ela e, como ela, fazia os planos do costume para mais uma noite.
O primeiro pensamento da Lua ia para ela, o primeiro pensamente dela ia para ele. Em que pensaria ele?
O fumo do primeiro cigarro indiciava o que a esperava nas próximas horas...horas, como sempre, nubladas, muito nubladas.
ele pensava na Lua que nela pensava.
Ela não queria pensar, queria ser, queria sentir
o toque.
a língua, sedosa.
(ela ainda não o saberia?)
Porque esperavam?
(questinavam-se os Deuses)
Rendam-se, já!
(ordenavam)
ordens? só as que ele desse.
na intimidade.
Ela estava perdida, não sabia por onde ir. Não queria que ele soubesse, mas estava perdida.
Enviar um comentário